domingo, 30 de junho de 2013

Brasil domina Espanha e conquista o tetra na competição

A partida que o lateral direito Daniel Alves, do Barcelona, estava esperando aconteceu. Na última entrevista coletiva, ele disse que a seleção brasileira havia feito duas boas partidas e uma razoável, e faltava uma espetacular. A partida de hoje chegou perto ao espetacular. 

Os primeiros minutos do primeiro tempo foi total pressão do País. Em campo, não parecia ser a Espanha duelando contra o Brasil. Xavi e Iniesta, ambos do Barcelona, tentavam tocar a bola e não conseguiam. Os volantes marcavam em cima e retomavam a bola em poucos segundos. A Fúria estava irreconhecível, por conta da marcação feita pelos atletas brasileiros.

O primeiro gol saiu depois de um cruzamento feito pelo Hulk, do Zenit, que foi em direção a Neymar, do Barcelona, e Fred, do Fluminense. O número 10 do Brasil deu um toque sutil - meio que sem querer - para o 9 da seleção, que mesmo caído de um toque por cima de Casillas, do Real Madrid. Gol.

Mesmo com a vantagem no placar, os brasileiros continuaram no mesmo ritmo: sem dar espaço a Espanha. Tanto que teve outras chances de colocar o número dois no placar do jogo. Embora teve um momento em que o atacante Pedro, do Barcelona, chutou em direção ao gol, sem nenhuma chance a Julio César, do Queens Park Rangers, mas o zagueiro David Luiz, do Chelsea, se esticou para salvar o gol praticamente feito pela Espanha. Seria o empate.

O segundo gol brasileiro saiu de uma tabela entre Oscar, do Chelsea, e Neymar, que arrematou no ângulo de Casillas, sem chances ao goleiro espanhol. Tudo isso ainda no primeiro tempo de jogo.

No segundo tempo de partida, Hulk lançou Fred, que chutou de primeira para fazer o seu quinto gol na competição. Terceiro gol do Brasil naquele momento. Minutos depois, Marcelo, do Real Madrid, faz falta dentro da área em Jesus Navas, do Manchester City, que havia acabado de entrar no lugar de Mata, do Chelsea. Na bola Sérgio Ramos, do Real Madrid. Correu para a bola e chutou para fora. O lateral esquerdo do País agradeceu. Após o pênalti, os torcedores começaram a gritar "olé".

O Brasil agora só volta a campo em agosto, em um amistoso contra a Suíça. Já a Espanha retoma a disputa das eliminatórias para a Copa do Mundo 2014, em que lidera seu grupo, em setembro, contra a Finlândia, como visitante.

Escalação

Brasil: Júlio César; Daniel Alves, Thiago SIlva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e Oscar; Neymar, Fred (Jô) e Hulk (Jadson)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Espanha: Casillas; Arbeloa (Azpilicueta), Sérgio Ramos, Pique e Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Pedro, Mata (Navas) e Fernando Torres (David Villa)
Técnico: Vicente del Bosque

Vinícius de Moraes e Toquinho - Chega de Saudade


sábado, 29 de junho de 2013

Resumo | As grandes crises financeiras

As grandes crises econômicas deram início em 1929, quando as ações de Wall Street começaram a acumular sucessivas e violentas quedas.

Já a segunda acontece 44 anos depois, que foi a crise do petróleo. Com a guerra do Yom Kippur, a organização dos países exportadores de petróleo decide cancelar a exportação do petróleo para países que apoiaram Israel no conflito com o Egito e a Síria.

Quanto à terceira, que tem nome de Segunda Crise, ocorreu em 1979 com o mesmo viés: petróleo. Ayatollah Khomeini assume o poder de Irã e, dali para cá, passa a controlar a produção de petróleo, causando um segundo aumento abusivo nos preços do produto.

Três anos mais tarde, surge a depressão econômica chamada Moratória Mexicana. Mais de 40 países recorreram ao FMI (Fundo Monetário Internacional), inclusivo o Brasil, que viu a retração de seu PIB (Produto Interno Bruto) em 5% e a inflação ultrapassar os 200%.

Em 1987, o índice Dow Jones, uma editora financeira internacional dos Estados Unidos, sofre a maior queda de sua história em um único dia: 22,6%. 10 anos para frente, acontece uma desvalorização cambial com os países chamados Tigres Asiáticos: Tailândia, Malásia, Coréia do Sul, Hong Kong, Indonésia e Filipinas. Um ano depois, em 1998, com o advento da crise asiática, o preço das commodities caiu em todo o mundo e a Rússia assumiu calote de sua dívida externa.

Após os ataques de 11 de setembro em 2001, houve uma queda de 1370 pontos no índice Dow Jones foi uma das piores do século, com os investidores perdendo mais de 8 trilhões de dólares, ou 10% do valor total do mercado de ações.

Por fim, a nona crise financeira, que foi implantada em 2008. A sua origem vem das hipotecas americanas, afetando o mercado financeiro nos EUA e se alastrou para o mundo. De acordo com o economista Paul Krugman, a crise de 1929, também conhecida como a "Grande Depressão", é sombra da atual catástrofe econômica que estamos vivenciando e presenciando.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Em zigue-zague

Quem discorreu que a seleção brasileira teria tarefa simples contra o Uruguai se enganou integralmente. E numa comparação entre as semifinais (Brasil x Uruguai; Espanha x Itália), uma grande parcela afirmou que a partida de ontem seria menos acirrada, por conta do futebol apresentado pelo País nas últimas partidas, principalmente contra a Itália – último jogo da fase de grupos. Também se enganou.

No primeiro tempo, o Brasil teve mais posse de bola, embora o Uruguai – quando se lançava ao ataque – era muito mais perigoso. A seleção de Felipão não estava encontrando seu ritmo, aquele que apresentou contra a La Squadra Azzurra. Tanto que David Luiz, do Chelsea, cometeu pênalti.
Diego Forlán na bola. Ele corre e chuta no canto esquerdo, mas Julio César, do Queens Park Rangers, espalma para escanteio. David Luiz agradece.

O gol do Brasil só saiu após lançamento de Paulinho, do Tottenham, para Neymar, do Barcelona, que dominou e tentou encobrir o goleiro Fernando Muslera, do Galatasaray, que rebateu em cima de Fred, do Fluminense, que de canela abriu o marcador no estádio Mineirão, em Minas Gerais. Minutos depois, o primeiro tempo seria finalizado.

Já no tempo final, nos primeiros minutos, o sistema defensivo falha bisonhamente – parecia até treinamento de várzea -, e Cavani, do Napoli, chuta ao gol de Julio César. Depois do empate, Felipão comentou com alguém do banco de reservas. “Pô, isola essa bola”. Ele está se referindo a Thiago Silva, do Paris Saint-Germain, que tocou para Marcelo, do Real Madrid, dentro da grande área, ao invés de dar um chute para o mato, como disse o ex-jogador Ronaldo, hoje comentarista e empresário.

Tudo indicava que o jogo iria para a prorrogação, quando saiu um escanteio a favor do Brasil. Neymar na bola. Ele se arruma para a cobrança. O atleta do Barcelona chuta e, no segundo pau da trave, Paulinho, sozinho, cabeceia para o gol e coloca o País na final da Copa das Confederações. 


Mesmo jogando bem contra Japão e Itália, o Brasil não emplaca numa linha constante. Parece um zigue-zague. 

Agora a seleção espera a partida entre Espanha e Itália, que ocorre hoje à tarde, para saber seu adversário na final, que acontece no próximo domingo, às 19h, no Maracanã (que custou quase 2 bilhões de reais).

terça-feira, 25 de junho de 2013

No SBT, Frajola alcança mais audiência do que a seleção brasileira

O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) resolveu transmitir o Torneio Internacional do Qatar, que contava com seleções sub-23, em 2003. Na partida de inauguração da seleção brasileira, que foi contra a Noruega, logo nos primeiros minutos do primeiro tempo, caiu o sinal que vinha do Qatar, palco das partidas da competição. Antes de perder a conexão com o país do Oriente Médio, a audiência estava entre 5 e 6 pontos.

O time do Brasil, na época, era comandado pelo técnico Ricardo Gomes e tinha como titulares: Rubinho, Maicon, Luizão, Julio Santos, Michel, Fernando, Júlio Batista, Kaká e Léo Lima, Robert e Nenê.

A direção da emissora, ao ver que a partida não voltava ao normal, decidiu colocar o desenho animado do "Piu-Piu e Frajola", pois a partida havia dado início às 11h15. A audiência começou a crescer e chegou a 11 pontos. Quando o desenho não havia terminado, a transmissão do jogo voltou ao normal. Ao ver que o Frajola estava dando mais telespectadores para o SBT, os profissionais da emissora esperaram o desenho terminar para que o jogo do Brasil voltasse ao ar.

E o pior. Durante o desenho animado, saiu o primeiro gol da seleção brasileira, já com a conexão restabelecida. De volta ao ar, o narrador Paulo Andrade, que hoje está na ESPN, contou rapidamente como foi a jogada e quem havia feito o gol. Assim que Frajola saiu de cena, o pico de audiência foi lá para baixo, computando 3 pontos.

Manifestação recebe mais adeptos do que na época pró-emancipação

Pelo número apresentado pelos organizadores e pela Polícia Militar (PM) sobre a primeira manifestação contra um possível reajusta da tarifa do transporte coletivo no município, o movimento pró-emancipação na década de 1960 – pegando apenas um dia de mobilização - contou com menos pessoas às ruas em comparação com o protesto da última sexta-feira, que trouxe 2 mil pessoas. Este relato é do jornalista e pesquisar de história local Lourival Cesário da Silva, o César Silva.

César Silva conta que, na época do processo de desmembramento, o distrito Votorantim, que pertencia a Sorocaba, contava com 15 mil habitantes. Na votação, 4.181 estavam aptos a decidir o futuro do distrito. No pleito, 3.099 foram a favor da emancipação, e 1.082 foram contra. “Pelo número de pessoas que participaram das passeatas pela antiga Rua do Comércio (hoje avenida 31 de Março), nas vilas operárias e em outros lugares, nunca chegou a 2 mil adeptos”, explica.

No entanto, quando o movimento do “Sim” venceu o “Não”, o ex-Distrito foi tomado por vários votorantinenses que queriam autonomia e independência, sem mais a interferência de Sorocaba. “Já neste momento, pós-eleição, a comemoração contou com mais pessoas com relação ao protesto da última sexta-feira na cidade”, diz o pesquisador de história local.
Outro protesto que ocorreu na cidade e comentado por César Silva foi quanto ao desfile cívico, que foi realizado em 1989, quando um grupo de estudantes liderados pelos grêmios estudantis das escolas estaduais “Comendador Pereira Inácio” e “Prof. Daniel Verano” se organizaram e lideraram um protesto na 31 de Março.

De acordo com o jornalista votorantinense, a manifestação, que contou com cerca de 200 jovens, não estava programada como parte do desfile e pegou de surpresa autoridades no palanque oficial e a polícia militar. A população deu demonstrações de apoio ao observar os motivos que levaram os estudantes a protestar.

Trajeto

A concentração da manifestação aconteceu no Complexo Urbanístico José de Oliveira Souza (Praça Zeca Padeiro), que fica em frente à Câmara Municipal e próxima à prefeitura. Às 16h30, já havia pessoas fazendo cartazes e conversando sobre o protesto e melhorias na cidade.

Por volta das 18h30, os adeptos foram para a avenida 31 de Março – coração de Votorantim – em direção ao Terminal Urbano João Souto, bloqueando somente um lado da pista. Em frente ao local, os manifestantes se sentaram e começam a cantar o Hino Nacional.

Em seguida, voltaram para a 31 de Março e rumaram até a praça de eventos “Lecy de Campos”, que estava acontecendo a 98ª Festa Junina Beneficente de Votorantim. Na sequência, um grupo com cerca de 300 pessoas seguiu para a Rodovia Raposo Tavares, interditando as vias marginal e expressa no sentido capital, por volta das 20h30. De acordo com a Polícia Rodoviária, houve um congestionamento às 21h de aproximadamente cinco quilômetros, que só foi liberada 40 minutos depois.

Propostas entregues ao prefeito

Em contato com a estudante Thais Faria, 18 anos, na tarde de ontem, ela disse que estava terminando uma carta que será entregue ao prefeito Erinaldo Alves da Silva (PSDB), com propostas do movimento para sanar algumas demandas do município.

O tucano terá 10 dias - contando desde o dia da manifestação popular – para notificar a população sobre o que será feito. Caso não haja resposta, será organizado outro protesto no qual a organização ficará por conta do Movimento Chegou a Nossa Vez, que terá uma estrutura de organização, segurança e foco nas próximas causas.
Ao término da carta, a estudante fixará hoje a carta com todas as propostas no Terminal Urbano João Souto.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dilma defende plebiscito para reforma política

Em reunião com prefeitos e governadores das 27 unidades federativas, a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou nesta segunda-feira, 24, no Palácio do Planalto, em Brasília, que irá pedir um plebiscito que autorize uma Constituinte para fazer a reforma política. O último plebiscito do País ocorreu em 2011, que foi sobre sobre a divisão do Estado do Pará, que foi rejeitada.

Na oportunidade, Dilma apresentou cinco pactos, que são:
 
 1- pacto pela responsabilidade fiscal nos governos federal, estaduais e municipais, para "garantir a estabilidade da economia" e o controle da inflação;

2 - pacto pela reforma política, incluindo um plebiscito popular sobre o assunto e a inclusão da corrupção como crime hediondo. "O segundo pacto é em torno da construção de uma ampla e profunda reforma política que amplie a participação popular e amplie os horizontes para a cidadania. Esse tema, todos nós sabemos, já entrou e saiu da pauta do país por várias vezes e é necessário, ao percebermos que nas últimas décadas, entrou e saiu várias vezes, tenhamos a iniciativa de romper o impasse. Quero nesse momento propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita", declarou;

3 - pacto pela saúde: quando não houver médicos brasileiros, seria feita a "importação" de médicos estrangeiros para trabalhar nas zonas interioranas do país. "Sempre oferecemos primeiro aos médicos brasileiro as vagas a serem preenchidas", disse. "37% dos médicos que trabalham na Inglaterra se graduaram no exterior", acrescentou, dizendo que esse percentual no Brasil é de 1,79%.A presidente disse que é preciso "acelerar os investimentos em hospitais, UPAs (unidades de pronto atendimento) e unidades básicas de saúde. Por exemplo, a ampliar também a adesão dos hospitais filantrópicos ao programa que troca dívidas por mais atendimentos." Segundo Dilma, está em curso "o maior programa da história de ampliação das vagas em cursos de medicina. Isso vai significar 11.447 novas vagas de graduação em cursos de medicina e 12.376 novas vagas de residência para estudantes brasileiros até 2017";
Dilma quer lei para tornar corrupção crime hediondo

4 - pacto pelo transporte público: a presidente anunciou que o governo destinará "50 bilhões de reais a novos investimentos em obras de mobilidade urbana" e afirmou que o país precisa dar um "salto de qualidade no transporte públicos nas grandes cidades", com mais metrôs, VLTs e corredores de ônibus. "O governo já desonerou impostos, o que permitiu a redução das tarifas de ônibus em 7,23% e 13,75% na tarifa do metrô e dos trens", declarou Dilma;

5 - pacto pela educação pública: pediu mais recursos para a educação. A presidente voltou a falar que é necessário que o Congresso aprove a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação.

Os desdobramentos das manifestações no País

Os protestos espalhados pelo País tiveram desdobramentos desde o anúncio do prefeito Fernando Haddad (PT) que iria reajustar a tarifa do transporte coletivo de São Paulo até os dias de hoje. Embora, há anos que já está sendo discutida "mobilidade urbana", porém, só neste ano que aconteceu um “boom” e todos foram às ruas protestar.

Nas primeiras manifestações que foram às ruas, uma parcela significativa da mídia brasileira foi contra aos protestos, dizendo que só havia vândalo querendo depredar estabelecimentos comerciais e o patrimônio público.

Ao ver que as manifestações tomaram outro rumo, a imprensa do País teve que rever sua linha editorial quanto aos atos que estavam acontecendo em vários Estados. O dia 17 de junho foi a data que marcou a história brasileira e, a partir daí, a mídia foi acompanhando os protestos com outro viés: como mobilização popular reivindicando seus direitos e listando suas demandas.

Outra pauta que foi colocada à tona foi em relação ao repúdio das bandeiras partidárias durante a manifestação. Limitando o indivíduo de expressar sua ideologia, que seja mostrando uma sigla, identifica-se a não liberdade de erguer seu posicionamento político num protesto popular, o que seria Fascismo. Exemplo claro foi o governo de Benito Mussolini (entre 1922 e 1943), na Itália, que se tratava de uma ideologia autoritária, antiparlamentar e contra a criação de outros partidos políticos.

Atualmente, a discussão é sobre um possível golpe militar, no intuito de frear todas essas manifestações no País. No Facebook, foi criada uma página “Golpe Comunista 2014” (http://migre.me/f9iMX), dizendo ser a favor da presidente Dilma Rousseff (PT) e contra a ideologia de direita. Atualmente, conta com mais de 17 mil seguidores. Em resposta, no dia seguinte, foi criada a página “Golpe Militar 2014” (http://migre.me/f9iHv), falando que todas essas manifestações são “balela” e, caso continuar nesse ritmo, será necessário a intervenção militar para acabar com os movimentos sociais. Atualmente, o espaço conta com mais de 7 mil adeptos à causa. 

O comando dessas manifestações é, claramente, da classe média urbana que tem acesso à Internet. A classe trabalhadora só foi aderir depois que os protestos já estavam sendo feitos nas ruas e, mesmo assim, é uma fração pequena.

Outra questão que foi publicada nos jornais de ontem, foi o Movimento Passe Livre (MPL) não centralizar mais o foco em apenas uma demanda, mas ampliar para outras reivindicações. O movimento marcou novo protesto para ser realizado amanhã, dia 25 de junho. Segundo os membros, agora a luta é por melhorias na saúde e educação, entre outras causas. É óbvio que, além desses assuntos acima, há outros temas que estão sendo articulados e colocados em pauta.

A tendência, pelo menos no atual cenário, é que haja outros desdobramentos durante as discussões sobre as manifestações que ocorreram (e ainda acontecem) no País. E isso é um ponto favorável. O MPL colocou em cheque uma pauta, que está bem direcionada, discutida e lançada para o público. Só que, nas manifestações, as pessoas não reivindicaram apenas sobre a tarifa do transporte, mas também sobre o dinheiro investido na Copa do Mundo de 2014, PEC 37, melhorias nos setores municipais, entre outros aspectos. Para esse montante, é preciso um projeto mais coeso, que todos aderem – ou a grande maioria (pensando em Rousseau) – para que, assim, aconteçam outras mudanças.

O País viveu 21 anos (entre 1964 e 1985) de repressão e ausência de liberdade. Adquiriu democracia quando o regime militar caiu igual ao sistema político/econômico feudalismo, implantando a república no Brasil. Para que não haja outro golpe, é preciso de mobilização, que já está tendo, e levar o melhor conteúdo explicativo aos jovens. Colocar uma pauta objetiva e clara. As escolas – seja pública ou particular – têm um papel importante neste fato: o de orientar as crianças que, num futuro próximo, serão peças fundamentais para que o País cresça e se desenvolva.

Chico Buarque e Francis Hime - Meu Caro Amigo




"Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock 'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta"

 
É, Chico, realmente a coisa aqui está preta.

domingo, 23 de junho de 2013

Seleção brasileira | Progresso, próxima fase e esquema tático

Não tive a oportunidade de assistir ao jogo do Brasil ontem à tarde ao vivo contra a Itália, a última partida do grupo, em que definiu a seleção brasileira em primeiro lugar, com 9 pontos, e a equipe da Squadra Azzurra, com seis pontos.  

Ao acompanhar os melhores momentos da vitória da seleção canarinha por 4 a 2, compreende-se claramente a evolução em relação as duas últimas partidas da Copa das Confederações. O atacante Fred, do Fluminense, ficou aliviado ao colocar duas bolas na rede do goleiro Buffon, da Juventus, que, em outras épocas, não rebateria aquela pelota em cima do número 9 do País. O gol de falta de Neymar, do Barcelona, foi outra falha do arqueiro italiano, que justificou dizendo que não viu a bola entrar. 
 
No gol da Itália, o primeiro, percebe-se a falha de Luiz Gustavo, do Bayern de Munique, que não fez a cobertura quando Marcelo, do Real Madrid, saiu para o campo de ataque. A bola foi lançada em direção de Balotelli, do Milan, que deu um passe de calcanhar no ar, colocando
Giaccherini, da Juventus, que havia entrado no lugar de Montolivo, do Milan, machucado, para efetuar um arremate seco, em que o goleiro Júlio César, do Queens Park Rangers, aceitou. 
 
Num plano geral, este jogo foi, seguramente, um teste significativo para o Brasil.  
 
Próxima fase 
 
Ao escrever este texto, a seleção espanhola ainda não havia jogado. Como a Nigéria saberia que, para passar, precisaria que o Uruguai não vencesse o Taiti ou, em caso de vitória, que fosse de poucos gols. Além disso, o time africano teria que derrotar a La Furia para conseguir a classificação. Ou seja; não seria tarefa para poucos. 
 
Vamos pensar na primeira fase com essas quatro seleções: Brasil vs Uruguai; e Espanha vs Itália. Quem acompanha o atual momento dessas equipes na competição, certamente falará que a final será entre Brasil e Espanha. Seria um duelo para ficar na história futebolística, sem dúvida alguma. Este seria o palpite da grande maioria da imprensa mundial. 
 
Possível final entre Brasil e Espanha. Pelo atual elenco, pelo futebol apresentado nos últimos anos, a La Furia é - de longe - a favorita para vencer esse encontro. Os analistas de futebol que dizem: "A Copa das Confederações serve, em primeira instância, para que a seleção brasileira crie um time competitivo. O maior título é formar uma equipe para a Copa do Mundo, que acontece ano que vem".  
 
Esta é a reflexão que tenho. Mesmo perdendo para a Espanha, a seleção tem que sair da competição com visão de time formatado e que, durante a Copa, tem grandes chances de conquistar a competição, que eu acho difícil de ocorrer.

Escalação brasileira 
 
No primeiro post que fiz sobre a atuação do País na Copa das Confederações, esqueci-me de criar um subtítulo e retratar quanto à escalação depois que Felipão entrou no cargo de treinador. 
 
Antes de treinar com os jogadores, raciocinei que o ex-técnico do Palmeiras (último trabalho) faria uma "reforma total" na formação tática dos atletas em campo. A primeira Copa do Mundo que acompanhei foi em 1994. Foi quando despertei a paixão pela bola. 
 
Na Copa de 2002, em que Felipão era o treinador, ele colocou em campo a formação "3-5-2". Isto é, três zagueiros, dois volantes, dois pontas, um meio-campo centralizado, e dois atacantes. Nesse esquema, os laterais, que se tornam pontas, têm mais liberdade para atacar. 
 
Já na atual seleção, relembrei o time pentacampeão e formatei na minha cabeça um time muito mais defensivo que a de Mano Menezes, ex-técnico do Brasil e atual treinador do Flamengo. Pensei errado. E que bom. 
 
Felipão manteve o 4-3-3 (atacando) e 4-2-3-1 (defendendo). É uma formação em que muitas equipes do mundo usam para colocar os jogadores em campo de jogo. Exemplo: o atual campeão da Champions League, o Bayern de Munique. Robben e Ribery são os pontas, que cortam para dentro e criam o arremate ao gol adversário. 
 
Ainda há falhas nesse esquema. Exemplo claro foi o primeiro gol da Itália. Luiz Gustavo, que deveria fazer cobertura de Marcelo, não fez e saiu o gol de empate, que não abalou o Brasil, pois depois faria o segundo e o terceiro. 
 
Para que não haja falhas nessa formação, os volantes precisam fazer a cobertura quando os laterais vão ao ataque. Outra solução é quando os laterais não são ofensivos, como não é o caso do Brasil. Eles ficam mais presos - da linha de meio-campo para trás e, enquanto os atacantes, só vão marcar quando há extrema necessidade no campo de defesa.

Partidos mais corruptos do Brasil

Os partidos mais corruptos do País, segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Em Sorocaba, cerca de 20 mil foram às ruas

Os protestos nas grandes capitais do País vieram como um tsunami em direção do interior de São Paulo. Mesmo o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) anunciando à imprensa que revogaria o reajusta da tarifa do transporte público, quase 20 mil pessoas foram ontem às ruas de Sorocaba, segundo os organizadores do Movimento Contracatraca e da Guarda Civil Municipal (GCM). 

Depois que o País viu, em 17 de junho, um dos movimentos sociais mais marcantes da história, fez com que outros municípios aderissem ao protesto. Entre as demandas estão: PEC 37, redução da tarifa, educação, saúde, investimento alto para a Copa do Mundo, entre outros aspectos.

Em Sorocaba, a manifestação aconteceu ontem à tarde e só terminou à noite. A concentração do público foi na Praça Doutor Arthur Fajardo, mais conhecida como Praça do Canhão. Às 15h, já havia pessoas escrevendo frases de diferentes demandas em cartazes.
 
Antes de dar início à passeata, fui até o Centro do município para notar como estava a atmosfera da população. No lado dos manifestantes, só ouvia declarações sobre a revogação do aumento da tarifa, da PEC 37, melhorias em vários setores da cidade, principalmente educação e saúde e, também, do dinheiro investido nos estádios da Copa do Mundo, que será realizado ano que vem. No lado dos comerciantes, o cenário era totalmente diferente. Às 16h, uma hora antes de começar a manifestação pelas ruas, muitos estabelecimentos comerciais estavam fechados e outros prestes a encerrar o expediente. Os comerciantes disseram que não queriam se arriscar quanto a um possível vandalismo e, assim, resolveram fechar mais cedo.

Descendo a rua 15 de Novembro, uma senhora de aproximadamente 70 anos de idade erguia um cartaz, com os dizeres: “Eu apoio o protesto dos meus netos”. Pela frase já dava para sentir o clímax deste quarto encontro, que deu início no anúncio do prefeito de Sorocaba, dizendo que iria aumentar a passagem de ônibus em 20 centavos.

Já na concentração, um automóvel do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e região apareceu na Praça do Canhão com caixa de som e microfone. Um dos integrantes do Partido Comunista Revolucionário (PCR) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) campus Sorocaba foi a pessoa que mais ditou o ritmo do protesto.  Além do PCR, outros grupos estavam participando e organizando o movimento: Levante Popular da Juventude, Domínio Público, Kizomba e União da Juventude Socialista (UJS), todas da UFSCar. Esses grupos formam o Movimento Contracatraca.

A Praça do Canhão estava tomada, parecia um formigueiro de tanta gente envolvida na manifestação. Não havia como passar nenhum veículo na 15 de Novembro e em outras ruas próximas. Antes de dar os primeiros passos, o público cantou um pedaço do Hino Nacional Brasileiro e, em seguida, gritou: “Já! Já! Já! Passe livre já!”. 

A partida foi na rua Souza Pereira. No início houve um problema em que a organização queria que o veículo do Sindicato ficasse à frente da mobilização popular. Em alguns metros até que deu certo, mas depois não havia como. A cada minuto mais gente chegava ao formigueiro sorocabano. A primeira parada dos protestantes foi em frente à Secretaria da Cultura. Um pequeno grupo gritou que “não há cultura na cidade” e, em poucos segundos, o restante aderiu e gritou a mesma frase.

Na sequência, os manifestante entraram na rua Doutor Álvaro Soares e, durante o trajeto, moradores de prédios acenavam para os manifestas, simbolizando a favor da ação. Muita caminha depois adentrou à rua Francisco Scarpa. Descida longa. E ao chegar à avenida Afonso Vergueiro, a primeira imagem belíssima. Senti-me na Revolução Francesa, Comuna de Paris e Primavera Árabe. Pela Afonso Vergueiro, dava para visualizar a Francisco Scarpa tomada de gente. Muitos fotógrafos subiram na linha férrea para registrar este momento histórico que a cidade organizou e presenciou. Um das avenidas mais movimentadas sem nenhum veículo circulando. E olha que era horário de pico.

Uma parcela da mobilização queria ir em direção ao Campolim. Mas, com a chegada do carro de som, o trajeto foi direcionado para o Terminal Santo Antonio. E lá fomos. Em frente ao terminal de transporte coletivo, uma barreira foi formada por guardas municipais. Os manifestantes sentaram em frente às autoridades e gritaram: “Soldado, você está do lado errado”. Durante este ato, duas pessoas vieram falar comigo, declarando que entrou no terminal, pagou a passagem e um dos guardas pediu para que eles saíssem do local. “Gastei R$ 3,15 para entrar. E agora? Será que vou ser ressarcida depois?”, questiona, dizendo que passou seus dados para os profissionais da Urbes.

Outro momento belíssimo da passeata. Depois do terminal, há uma ponte na Afonso Vergueiro. Vários manifestantes subiram lá e mostraram uma faixa em apoio à causa, com os dizeres: “O Gigante Acordou”. O público que estava embaixo ovacionou o ato. A seguir, foram até a avenida Dom Aguirre, na altura da Praça Lions. Terceira imagem belíssima. Da Dom Aguirre, dava para ver a quantidade de gente andando pela Afonso Vergueiro. Esta ocasião também merece um registro para a história da cidade.

Na Praça Lions, dois grupos, um de 300 pessoas e outro de 100 pessoas, tomaram rumos diferentes. O grupo de 300 pessoas seguiu para a Prefeitura, e o de 100 pessoas, para o quilômetro 100 da rodovia Raposo Tavares.

Já imaginou a Dom Aguirre sem nenhum veículo em horário de pico?

As duas pistas foram tomadas por sorocabanos contra a corrupção, PEC 37, reajuste da tarifa, entre outros aspectos. Ao tentar olhar para trás, parecia que não havia fim, era muita gente andando pela Dom Aguirre livremente. Parecia que estava trafegando em uma calçada qualquer. No caminho, os manifestantes pararam para ver outra bandeira que foi estendida na ponte.

Agora o próximo alvo dos protestantes era o Terminal São Paulo. E para lá que fomos. Em frente ao espaço em que os ônibus entram no terminal, outra barreira de guardas municipais foi formada. E outra vez a mesma frase: “Soldado, você está do lado errado”. Em seguida, foram parar na avenida Juscelino Kubistchek. E mais uma vez: as duas pistas tomadas por manifestantes. A caminhada foi longa. Andaram do início ao fim da avenida. Na rua Barão de Tatuí, outra incógnita: ir em direção do Campolim ou ficar pelo centro. A segunda opção foi aceita pela grande maioria, que já demonstrava sinais de cansaço. Durante o trajeto, muitas pessoas pararam em conveniências para comprar água e comida.

Em frente ao colégio Objetivo, na rua Cesário Mota, pessoas que estavam dentro apagavam e acendiam a luz da sala de aula. Foi um momento que marcou a passagem da manifestação pelo local. Os últimos metros foram em direção à Praça Frei Baraúna, também conhecida como "Fórum Velho".

Os 3.700 m² de piso em pedras portuguesas foram destinados a manifestantes que foram às ruas por uma Sorocaba melhor e, também, por um País de igualdade, educação e saúde para todos.

O quarto encontro contou com 15 mil a 20 mil pessoas em todo o trajeto, segundo os organizadores do Movimento Contracatraca e da Guarda Civil Municipal (GCM).
De forma jogral, os manifestantes anunciaram que, na próxima segunda-feira, às 19h, haverá uma avaliação da passeata popular pelas ruas do município, na praça Coronel Fernando Prestes. E amanhã haverá outra ação em Sorocaba, às 17h, em frente à Prefeitura de Sorocaba.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Evolução" (ou não) da seleção brasileira

Vou aderir as declarações de Pelé e Ronaldo e deixar de canto os protestos do País, pelo menos por enquanto, e falar sobre a seleção brasileira que ontem jogou contra o México e venceu por 2 a 0 (Neymar e Jô).

Até os 20 minutos do primeiro tempo, o cenário era totalmente favorável ao time de Felipão, que havia balançado a rede e, também, na "cavadinha" do lateral direito Daniel Alves, do Barcelona, que quase encobriu o goleiro Corona.

Depois disso deu um apagão praticamente geral no Brasil. A desculpa do treinador foi quando o zagueiro David Luiz, do Chelsea, fraturou o nariz e teve que sair de campo algumas vezes, por conta do sangramento. Comentário equívoco do técnico, pois a equipe já apresentava fragilidade, principalmente no meio de campo, com Oscar, do Chelsea, apagado.

Além do meio campo, as laterais deixaram uma avenida, especialmente o lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, que, quando ataca, é um dos melhores da posição e, quando defende, é um dos piores da posição. Por isso que o Mourinho, ex-Real Madrid e hoje Chelsea, colocava Fábio Coentrão em partidas decisivas.

Referente ao Daniel Alves, ele está acostumado a ter Piqué, Busquets e Xavi fazendo a cobertura, quando ele se joga ao ataque, para tabelar com Messi ou Pedro. Luiz Gustavo, do Bayern de Munique, e Paulinho, do Corinthians, precisam treinar e fazer a cobertura tanto do Marcelo quanto do Dani Alves.

Zagueiros. David Luiz e Thiago Silva, do Paris Saint-Germain, foram sólidos e firmes quando foram precisos. Atuação impecável dos dois, principalmente do zagueiro do Chelsea, que cortou uma bola em que Chicharito iria ficar de frente ao goleiro Júlio César, do Queens Park Rangers. Falando do número 12 do Brasil, não foi tão testado na partida.

Dupla de volantes. Pelo que vi nas duas primeiras partidas, Felipão ainda não acertou a dupla de volantes, especialmente o primeiro, que fica à frente dos zagueiros. O Paulinho, pelo menos por enquanto, firmou-se como titular absoluto pelas atuações e gols.

Homem pensante. Oscar, que jogou pelo Internacional e hoje é atleta do Chelsea, nunca foi um grande passador de passes. No Chelsea, por exemplo, o atleta que comanda é o Mata, que está na Copa das Confederações atuando pela Espanha. Há outro problema: Oscar jogou mais de 80 partidas na temporada. Ele aparentou no jogo de ontem cansaço. Pelos 11 em campo, o jogador do Chelsea seria sacado mais cedo ou mais tarde, que acabou acontecendo: Hernandes, da Lazio, entrou em seu lugar no segundo tempo.

Aliás, Hernandes merece ser testado no time titular. Sempre que entra joga bem, embora na partida de ontem não realizou um futebol dos melhores. Em relação a outro atleta do meio de campo, parece que o Felipão não gostou dos treinamentos de Jadson, do São Paulo. Até o momento não entrou em campo e pelo jeito não vai entrar.

Ataque. Ao falar do trio de ataque, vou deixar o Neymar, do Barcelona, por último, por questões óbvias. O Hulk, do Zenit, realizou um futebol mediado, mas forte na marcação. Fez tabela com Neymar, que o deixou "cara a cara" com o goleiro mexicano. O que ele fez (ainda com a perna boa)? Chutou para fora. Seria o segundo gol do Brasil na ocasião. Referente ao Fred, do Fluminense, é indiscutível que ele ainda continua titular por conta das atuações da volta de Felipão ao comando da seleção brasileira. No atual cenário, Jô, do Atlético-MG, merece ser escalado no time titular.

Lucas. O comentarista da ESPN, Mauro Cezar Pereira, fez um comentário ontem à noite no programa Linha de Passa - Mesa Redonda que coincide com a minha reflexão: Lucas, do Paris Saint-Germain, será o Denílson, hoje comentarista esportivo da Band, da Copa do Mundo de 1998. Quando entrava em campo, fazia nada. É o que ocorre com o atleta da equipe francesa. Sempre entra mal.

Neymar. O atleta do Barcelona fez uma partida impecável, do ponto de vista do meio para o campo. No início já deixou mais um, totalizando dois na competição. Recebeu um passe de Fred no peito, cortando o marcador ainda com a bola no ar, correu poucos metros e arrematou por cima do gol. Seria outro golaço (segundo da partida). No segundo gol, metade do gol foi dele. Jô, que certamente será gritado pelo público para entrar no lugar do Fred na partida contra a Itália, só teve a obrigação de arrematar a bola para o gol. Em relação à marcação, Neymar foi muito faltoso. Se marcar assim no Barcelona, será xingado pelo técnico.

Fora da escalação de Felipão. Pelo futebol apresentado na Liga dos Campeões da última temporada, Willian, do Anzhi, merece uma chance. Ele ficaria no lugar do Jadson, que não entra em campo. Fernando, do Manchester City, é outro que pode ser testado. Adriano, do Barcelona, é muito melhor que o Jean, do Fluminense. Enfim, há outros jogadores que ainda podem ser testados, pois como disse o comentarista da ESPN, Paulo Vinicius Coelho, o PVC, a seleção está em construção.

terça-feira, 18 de junho de 2013

A 'cura gay' e Durkheim

Quando fiquei ciente da aprovação da 'cura gay', idealizada pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP), logo veio à cabeça o sociólogo Émile Durkheim. Explico.

Durkheim nasceu num universo revolucionário: Revolução Francesa, A Comuna de Paris, entre outros manifestos. Em sua teoria, destaca-se sobre o "fato social", que exerce influência e forma o indivíduo. Isto é, você não nasce livre e, ainda, seu pensamento é influenciado pela sociedade. Com isso, você passa a reagir em determinadas questões como, por exemplo, casamento de pessoas do mesmo sexo, sendo um ato ilegal. Claro, dependendo da forma como você foi educado.

Ainda na teoria de Durkheim, toda referência do sujeito vem da sociedade através de dois mecanismos coercitivos, que são: regras morais - que define o comportamento social; e as regras jurídicas - que são as leis, que foram definidas pelo Estado.

E o pior: o receptor que, desde a infância, foi influenciado com modos conservadores, tornará-se reprodutor desse código moral para as futuras sociedades e, infelizmente, criando mais "Felicianos" no País.

Um número significante foi às ruas protestar em relação às demandas do País. Espero que, nesse montante, não há Felicianos, Calheiros e outros reprodutores de costumes/crenças conservadoras, que atrasam o País.

O Leviatã nas manifestações

Dos principais pensadores contratualistas da Idade Moderna, coloco à tona um: Thomas Hobbes, que certamente irá enriquecer o debate sobre as manifestações que estão sendo realizadas no País.

Na principal obra de Hobbes, o Leviatã, o autor enfatiza que, caso não houvesse um contrato social (regras estabelecidas pelo Estado), a sociedade viveria num caos. No penúltimo manifesto, que ocorreu ontem, foi um marco na história brasileira. Fato. Não há o que contestar, embora houve, sim, alguns vandalismos, principalmente no Rio e Minas, que foram controlados pela Polícia Militar (PM). Este fato ocorreu depois de uma declaração do governador de São Paulo, dizendo que as autoridades não iriam às ruas com arma de fogo ou bala de borracha. E foi o que aconteceu.

Uma ressalva. Não estou, aqui, dizendo que sou a favor da PM bater e usar força maior, a minha argumentação é que, caso passe do ponto o ator, a PM deve intervir, sim, para que não haja um caso como já foi dito na teoria de Hobbes. Embora eu sou a favor de não ter PM, mas isso vem para outra reflexão.

No protesto de hoje, o cenário é outro. Com isso, é necessário aplicar a lei (o contrato social) que a própria sociedade aceitou para que não houvesse guerra entre indivíduos.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Coletivo: fenômeno recente que ronda o município de Sorocaba/SP

Introdução

Um espectro ronda todo o mundo, o espectro dos coletivos. São grupos de pessoas, sem vínculo formal, fazendo ações multiartísticas independentes e criando suas próprias regras em seu âmbito de trabalho.

Uma vez tendo o tema de estudo em mente, segundo passo foi procurar referências quanto ao objeto de pesquisa. Ao examinar a questão e procurar conteúdo semelhante, que dê uma luz ao fim do túnel, acabei chegando numa conclusão: não há um projeto, pelo menos no período em que pesquisei, um estudo que detalhe sobre o trabalho dos coletivos, do ponto de vista coeso, sem nenhum tipo de rodeio.

Concluindo este cenário, é necessário comentar que este trabalho não tem o objetivo de ser pioneiro em relação à questão, pois o intuito é criar um estudo direto e conciso, ou seja, não chegar nem perto da estrutura de uma monografia.

Para afunilar o trabalho, escolhi um coletivo chamado Rasgada Coletiva, que nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo. Município que teve seu “boom” de grupos fomentando cultura independente em 2010. Para estreitar ainda mais o estudo analisado, o projeto não entrou na questão do significado, do ponto de vista histórico de coletivo, pois o tema é visto em todo o processo da humanidade: desde a Antiga Grécia até o Brasil ter a primeira presidente mulher.

O sentido de coletivo deste trabalho parte de três elementos: dadaísmo, construtivismo e surrealismo, movimentos que surgiram em 1910, em todas as partes do mundo, principalmente na Europa e Estados Unidos.

De 1910 a 2012, ocorreram vários fatos históricos: 2ª Guerra Mundial, Guerra Fria e o aparecimento de Hakim Bey, um historiador americano que mudou a visão ideológica dos coletivos.

O trabalho tem grande influência do artigo do jornalista Denis Russo Burgierman, da revista Super Interessante, em que ele tenta descobrir o surgimento dos primeiros coletivos e, além disso, retrata a maneira que esses grupos compartilhados trabalham no dia a dia. Além dele, sociólogos contemporâneos foram importantes para identificar como os coletivos, que não são formas homogêneas, conseguem desenvolver seu trabalho na sociedade.

Afinal, o que significa e de onde veio os coletivos?

Ao digitar em algum site de busca na Internet ou procurar no dicionário, coletivo refere-se a um conjunto de elementos ou a um agrupamento de pessoas.
Vale salientar que este projeto não irá aprofundar sobre coletivo, do ponto de vista histórico, pois iria ficar extenso e cansativo para leitura. A ideia é debater o objeto de pesquisa partindo de três movimentos: dadaísmo, construtivismo e surrealismo.

Para chegar nesses três movimentos, que ocorreram em 1910, na Europa, foi preciso analisar o artigo do jornalista Denis Russo Burgierman, da revista Super Interessante, em que ele tenta descobrir o surgimento dos primeiros coletivos e, além disso, retrata a maneira que esses grupos compartilhados trabalham no dia a dia.

Segundo o autor de Inversão da ordem, cada coletivo manifesta e reúne artistas trabalhando juntos a um serviço social. Cada qual da sua forma e maneira. Ele dá exemplo da obra dadaísta de Marcel Duchamp, em que transformou um urinol (espaço para urinar) em arte e que foi levado ao um museu.

Durante manifestos aqui, lá e acolá, inicia em 1939 a Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945. Ao término, vem a Guerra Fria, conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética (hoje Rússia). Nesse período, surgem coletivos que não queriam apenas mudar a arte e, sim, mudar o mundo como um todo. O jornalista dá exemplo dos situacionistas, influenciados pelo marxismo alemão, que apoiam o início do movimento estudantil de maio de 1968 na França.

Com o fim da Guerra Fria, em 1991, os coletivos deixaram de lado o marxismo e começaram a enxergar no americano Peter Lamborn Wilson, mais conhecido pelo pseudônimo Hakim Bey, um meio de aprimorar a ideologia dos grupos compartilhados.

Na obra “Taz (Zona Autônoma Temporária, na sigla inglesa)”, Hakim Bey não fala diretamente sobre coletivos, mas dá a entender que a TAZ representa espaços alternativos, com regras diferentes em relação a da sociedade. Ele conta que cedo ou mais tarde uma Taz será criada: “[...] ela foi criada, será criada e está sendo criada. Portanto, será mais proveitoso e mais interessante olharmos para algumas TAZ passadas e presentes, e especular sobre manifestações futuras” (BEY, 2003, p. 43). Hakim Bey ainda fala que esses espaços são criados com o potencial de experimentar uma forma distinta de viver e, quem sabe, levar essa vivência para a sociedade, com o intuito de expandir o conceito ideológico.

O historiador americano, em uma passagem da obra, diz a TAZ não deve ser “percebida como algo mais do que um ensaio (“uma tentativa”), uma sugestão, uma fantasia poética. […] não estou tentando construir dogmas políticos (BEY, 2003, p. 13). Ele ainda comenta que não quer definir a TAZ, pois  Zona Autônoma Temporária é “autoexplicativa”: “Se o termo entrasse em uso seria compreendido sem dificuldades... compreendido em ação (BEY, 2003, p. 13).

O sonho anarquista para Habim Bey, em TAZ, é o fim do Estado, e da zona autônoma duradoura, uma sociedade livre. Para ele, a ideia é não mudar a mentalidade da sociedade, mas transformar o mundo.

A maneira que o historiador americano fala sobre a TAZ e, também, do jeito que o jornalista da Super Interessante a compara, dá a entender que a TAZ pode ser traduzida em coletivo.


Coletivo: Rasgada Coletiva

O Rasgada Coletiva nasceu em 2010, sob a luz amarelada das noites de Sorocaba, um município que conta com mais de 600 mil habitantes, numa área total de 449 km², segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Um coletivo, de certa forma, recente, que reúne agentes culturais (artistas, radialistas e educadores), que buscam efervescer o cenário cultural de Sorocaba e região,  tendo realizado em pouco mais de um ano mais de 100 ações independentes.

O trabalho do coletivo envolve a criação de espaços de formação e diálogo (oficinas, workshops, debates), a produção de festivais e mostras artísticas, o intercâmbio entre agentes e artistas nacionais e internacionais, além de promover e fomentar a reunião da classe artística local, trabalhando em rede com outros produtores e coletivos.

A sede do Rasgada Coletiva está localizada na rua Carlos José Nardi, 117, na Vila São João, um pequeno bairro residencial antigo que sobreviveu com um ritmo muito próprio ao processo de urbanização da cidade, que “espremeu” o bairro entre o centro e a linha férrea sorocabana. Lá, nas segundas-feiras, se torna num espaço para criação de atividades culturais e apresentações artísticas independentes e autorais. O espaço, que surgiu em outubro de 2010, se chama Carne de Segunda, uma casa comum, local de trabalho e de moradia de um de seus membros.

O fato do Rasgada Coletiva abrir gratuitamente seu espaço à presença e expressão de toda e qualquer pessoa, carrega um profundo questionamento sobre os limites, sobretudo simbólicos, entre o que é espaço público e privado, e exercita o encontro entre diferentes.  O bem estar de todos é garantido sem imposições, “sem grades”, mas com o diálogo constante com o público por todos os meios possíveis, e através da cultura da colaboração para a manutenção do evento (passada muitas vezes dos frequentadores assíduos para os novos visitantes), criando um agradável ambiente de trocas culturais baseado no respeito e na admiração à diversidade, sem nenhuma incidência de violência, atitude preconceituosa ou desrespeito à comunidade nos entornos da sede.

Além do Rasgada Coletiva, tem outros coletivos em Sorocaba com o mesmo objetivo: fomentar cultura independente, sem nenhuma verba municipal, estadual ou federal. Como não poderia ficar extenso este projeto, foi optado apenas por escolher apenas um coletivo.

De cima para baixo e vice-versa

O crescimento populacional do mundo é, certamente, um fator predominante quanto à causa da hibridação cultural (conceito de Canclini). Para ter uma ideia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1930 a 1980, a população mundial passou de cerca de 2 bilhões para a marca de 5 bilhões de habitantes.

Segundo Santos, nos processos paradoxais de desenraizamento, as lutas e tensões econômicas, culturais e políticas – hegemônicas e contra-hegemônicas – estão no universo globalizante. Ou seja, o autor visualiza as formas de globalização hegemônicas de cima para baixo. Em outro cenário, de baixo-para-cima, prontamente representa a resistência ou contra-hegemônia dessas representações de predominância.

Para o autor, o cosmopolitismo e o patrimônio comum da humanidade são movimentos contra-hegemônicos. São globalismos de baixo-para-cima que assumem o papel de resistência aos fenômenos de localismos globalizados e globalismos localizados (Santos, 2002, p. 70-71). Os fenômenos de globalização não existem como entidades estanques, alimentam-se das lutas que se travam em diversas dimensões, não têm um caráter pacífico e consolidado, e atingem o campo social, tensionando, portanto, as identidades sociais em disputa.
De acordo com Canclini (1997), os artistas e escritores que mais contribuíram para a independência e profissionalização do campo cultural fizeram da crítica ao Estado e ao mercado eixos de sua argumentação. Para ilustrar este cenário, o autor dá exemplo do texto do roteirista de novela venezuelana, José Ignacio Cabrujas, que diz: “os Estados latino-americanos não podem ser levados em conta porque não podem ser levados a sério (CANCLINI, 1997, p. 100).
            
Outro exemplo é do escritor mexicano Octavio Paz, que afirma:

[…] a liberdadede que o artista necessita é obtida afastando-se do "príncipe" e do mercado. Mas, de fato, em sua obra foi crescendo a indignação frente do poder estatal, enquanto em seus vínculos com o mercado busca uma relação produtiva, recorrendo aos meios massivos para expandir seu discurso (CANCLINI, 1997, p. 100)

É visto que a classe artística, aquela fora do contexto global, recorre de formas alternativas para divulgar sua arte, sem depender do poder estatal. Os coletivos são exemplos. Eles promovem eventos de forma independente, sem a presença de verbas municipais, estaduais e federais.

Para Stuart Hall, em Identidade Cultural na Pós-Modernidade, fala que “[...] as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizavam o mundo social, estão declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado" (HALL, p. 7). Portanto, os coletivos estão, de certa maneira, criando novos hábitos aos que frequentam o ambiente. Mesmo tendo surgido recentemente, os coletivos criaram identidade no município de Sorocaba.

Considerações finais

Em dois anos, o Rasgada Coletiva vem construindo uma identidade no município de Sorocaba e, além disso, criou ações culturais sem depender do município e do Estado. Com a potencialidade de desenvolver atividades gratuitas e, também, de divulgando os artistas da cidade e da região, os frequentadores, durante o Carne de Segunda, acaba criando novas amizades, conhecendo artistas e dialogando com todos os presentes na ocasião. Troca experiências e fazem de uma casa simples, num espaço como se fosse um tipo de abrigo, com regras distintas a do Estado.

Pelos teóricos, que estão na referência deste projeto, mostram que o coletivo sorocabano criou uma identidade no município, tal como contribuiu para enriquecer culturalmente a localidade, sem depender de verba pública. As segundas-feiras, que geralmente não têm nenhuma atração cultural, se tornaram agradáveis, com entretenimento e interação entre pessoas.

Outra mudança vista nos coletivos é a ideologia política. Referência essa que deu início depois da Guerra Fria, tendo Hakim Bey como um pensador que entrou no caminho desses grupos e mudou a mentalidade deles. Antes disso, os coletivos usavam mais as teorias marxistas, principalmente da Alemanha, para dialogar entre grupos compartilhados e realizar sua atrações e atividades independentes, sem o uso financeiro do Estado.

Referências

BEY, Hakim. TAZ (Zona Autônoma Temporária). Editora Conrad: São Paulo, 2001.
BURGIERMAN, Denis Russo. Inversão da ordem. Super Interessante, junho de 2009.
BURKE, Peter. Hibridismo cultural, 2003.
CANCLINI, Néstor Garcáia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Editora Edusp: São Paulo, 1 edição, 1997.
CANCLINI, Néstor Garcáia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Editora Edusp: São Paulo, 2 edição, 1998.
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso. Identidade Etnia e Estrutura Social.
ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. Editora Brasiliense: São Paulo, 2003.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Os processos de globalização. Editora Cortez: São Paulo, 2002.
SENNETT, Richard. O Declínio do Homem Público. Editora Companhia das Letras: São Paulo, 1988.