sexta-feira, 21 de junho de 2013

Em Sorocaba, cerca de 20 mil foram às ruas

Os protestos nas grandes capitais do País vieram como um tsunami em direção do interior de São Paulo. Mesmo o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) anunciando à imprensa que revogaria o reajusta da tarifa do transporte público, quase 20 mil pessoas foram ontem às ruas de Sorocaba, segundo os organizadores do Movimento Contracatraca e da Guarda Civil Municipal (GCM). 

Depois que o País viu, em 17 de junho, um dos movimentos sociais mais marcantes da história, fez com que outros municípios aderissem ao protesto. Entre as demandas estão: PEC 37, redução da tarifa, educação, saúde, investimento alto para a Copa do Mundo, entre outros aspectos.

Em Sorocaba, a manifestação aconteceu ontem à tarde e só terminou à noite. A concentração do público foi na Praça Doutor Arthur Fajardo, mais conhecida como Praça do Canhão. Às 15h, já havia pessoas escrevendo frases de diferentes demandas em cartazes.
 
Antes de dar início à passeata, fui até o Centro do município para notar como estava a atmosfera da população. No lado dos manifestantes, só ouvia declarações sobre a revogação do aumento da tarifa, da PEC 37, melhorias em vários setores da cidade, principalmente educação e saúde e, também, do dinheiro investido nos estádios da Copa do Mundo, que será realizado ano que vem. No lado dos comerciantes, o cenário era totalmente diferente. Às 16h, uma hora antes de começar a manifestação pelas ruas, muitos estabelecimentos comerciais estavam fechados e outros prestes a encerrar o expediente. Os comerciantes disseram que não queriam se arriscar quanto a um possível vandalismo e, assim, resolveram fechar mais cedo.

Descendo a rua 15 de Novembro, uma senhora de aproximadamente 70 anos de idade erguia um cartaz, com os dizeres: “Eu apoio o protesto dos meus netos”. Pela frase já dava para sentir o clímax deste quarto encontro, que deu início no anúncio do prefeito de Sorocaba, dizendo que iria aumentar a passagem de ônibus em 20 centavos.

Já na concentração, um automóvel do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e região apareceu na Praça do Canhão com caixa de som e microfone. Um dos integrantes do Partido Comunista Revolucionário (PCR) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) campus Sorocaba foi a pessoa que mais ditou o ritmo do protesto.  Além do PCR, outros grupos estavam participando e organizando o movimento: Levante Popular da Juventude, Domínio Público, Kizomba e União da Juventude Socialista (UJS), todas da UFSCar. Esses grupos formam o Movimento Contracatraca.

A Praça do Canhão estava tomada, parecia um formigueiro de tanta gente envolvida na manifestação. Não havia como passar nenhum veículo na 15 de Novembro e em outras ruas próximas. Antes de dar os primeiros passos, o público cantou um pedaço do Hino Nacional Brasileiro e, em seguida, gritou: “Já! Já! Já! Passe livre já!”. 

A partida foi na rua Souza Pereira. No início houve um problema em que a organização queria que o veículo do Sindicato ficasse à frente da mobilização popular. Em alguns metros até que deu certo, mas depois não havia como. A cada minuto mais gente chegava ao formigueiro sorocabano. A primeira parada dos protestantes foi em frente à Secretaria da Cultura. Um pequeno grupo gritou que “não há cultura na cidade” e, em poucos segundos, o restante aderiu e gritou a mesma frase.

Na sequência, os manifestante entraram na rua Doutor Álvaro Soares e, durante o trajeto, moradores de prédios acenavam para os manifestas, simbolizando a favor da ação. Muita caminha depois adentrou à rua Francisco Scarpa. Descida longa. E ao chegar à avenida Afonso Vergueiro, a primeira imagem belíssima. Senti-me na Revolução Francesa, Comuna de Paris e Primavera Árabe. Pela Afonso Vergueiro, dava para visualizar a Francisco Scarpa tomada de gente. Muitos fotógrafos subiram na linha férrea para registrar este momento histórico que a cidade organizou e presenciou. Um das avenidas mais movimentadas sem nenhum veículo circulando. E olha que era horário de pico.

Uma parcela da mobilização queria ir em direção ao Campolim. Mas, com a chegada do carro de som, o trajeto foi direcionado para o Terminal Santo Antonio. E lá fomos. Em frente ao terminal de transporte coletivo, uma barreira foi formada por guardas municipais. Os manifestantes sentaram em frente às autoridades e gritaram: “Soldado, você está do lado errado”. Durante este ato, duas pessoas vieram falar comigo, declarando que entrou no terminal, pagou a passagem e um dos guardas pediu para que eles saíssem do local. “Gastei R$ 3,15 para entrar. E agora? Será que vou ser ressarcida depois?”, questiona, dizendo que passou seus dados para os profissionais da Urbes.

Outro momento belíssimo da passeata. Depois do terminal, há uma ponte na Afonso Vergueiro. Vários manifestantes subiram lá e mostraram uma faixa em apoio à causa, com os dizeres: “O Gigante Acordou”. O público que estava embaixo ovacionou o ato. A seguir, foram até a avenida Dom Aguirre, na altura da Praça Lions. Terceira imagem belíssima. Da Dom Aguirre, dava para ver a quantidade de gente andando pela Afonso Vergueiro. Esta ocasião também merece um registro para a história da cidade.

Na Praça Lions, dois grupos, um de 300 pessoas e outro de 100 pessoas, tomaram rumos diferentes. O grupo de 300 pessoas seguiu para a Prefeitura, e o de 100 pessoas, para o quilômetro 100 da rodovia Raposo Tavares.

Já imaginou a Dom Aguirre sem nenhum veículo em horário de pico?

As duas pistas foram tomadas por sorocabanos contra a corrupção, PEC 37, reajuste da tarifa, entre outros aspectos. Ao tentar olhar para trás, parecia que não havia fim, era muita gente andando pela Dom Aguirre livremente. Parecia que estava trafegando em uma calçada qualquer. No caminho, os manifestantes pararam para ver outra bandeira que foi estendida na ponte.

Agora o próximo alvo dos protestantes era o Terminal São Paulo. E para lá que fomos. Em frente ao espaço em que os ônibus entram no terminal, outra barreira de guardas municipais foi formada. E outra vez a mesma frase: “Soldado, você está do lado errado”. Em seguida, foram parar na avenida Juscelino Kubistchek. E mais uma vez: as duas pistas tomadas por manifestantes. A caminhada foi longa. Andaram do início ao fim da avenida. Na rua Barão de Tatuí, outra incógnita: ir em direção do Campolim ou ficar pelo centro. A segunda opção foi aceita pela grande maioria, que já demonstrava sinais de cansaço. Durante o trajeto, muitas pessoas pararam em conveniências para comprar água e comida.

Em frente ao colégio Objetivo, na rua Cesário Mota, pessoas que estavam dentro apagavam e acendiam a luz da sala de aula. Foi um momento que marcou a passagem da manifestação pelo local. Os últimos metros foram em direção à Praça Frei Baraúna, também conhecida como "Fórum Velho".

Os 3.700 m² de piso em pedras portuguesas foram destinados a manifestantes que foram às ruas por uma Sorocaba melhor e, também, por um País de igualdade, educação e saúde para todos.

O quarto encontro contou com 15 mil a 20 mil pessoas em todo o trajeto, segundo os organizadores do Movimento Contracatraca e da Guarda Civil Municipal (GCM).
De forma jogral, os manifestantes anunciaram que, na próxima segunda-feira, às 19h, haverá uma avaliação da passeata popular pelas ruas do município, na praça Coronel Fernando Prestes. E amanhã haverá outra ação em Sorocaba, às 17h, em frente à Prefeitura de Sorocaba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário